domingo, 4 de outubro de 2009

Origem a Eternizar

Estória é que trás ao homem história
Impressa numa pedra ou num papiro,
Do homem que transmite a sua glória
No mundo quase eterno no seu giro.

Assim , é feita eterna a memória
De um povo, do seu ar, do seu respiro,
Da guerra, do seu pão, da vida inglória,
Da luta que viveu no se retiro.

Se gente passa e passa como um tiro,
Ignota, deserdada no seu elo,
Qual carta no destino sem o selo,

É fruto de uma origem que não miro,
História de uma página que não viro:
Escreve teu caminho, assim apelo.

Loures de Paiva
03/10/2009

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

15 anos de Algás

Lembrar-me quanto sol eu não me lembro
Que indo e vindo marca e conta o dia,
Talvez um dia longe de setembro,
Em casa que margeia a longa via.

Ali, na placa, a chama identifica
A nova que responde pelo gás:
Eu olho, penso em mim, pode ser rica
De chama, de energia, que ela trás.

Quem sabe, um dia, a ela possa dar,
(Até porque mil sóis já tenho andado)
De mim o contributo de somar
Que vem do meu longevo aprendizado?

Assim, pensava eu atravessando
A longa avenida que de Lima
Fernandes no altiplano se alongando
Nos leva a sair cidade acima.

Os sóis foram passando, o tempo indo,
Já não se via ali aquele emblema,
Ceal de Energia, quem sabe, findo,
Não mais o encontrasse, que dilema!

O tempo passa, o tempo passa e rola,
A lei estabelece era ventura,
Matriz nova, pensada em alta escola,
Matriz para gerir outra estrutura.

Algás surge, dest'arte, outra, vestida
De nova dimensão, de novos ares,
E assume seu dever. Nova partida
É dada pra singrar os novos mares.

Gigante se tornando, a energia
Espalha pelo baixo e alto plano,
Com sua competente companhia,
Ramando o subsolo, cano a cano.

Fazendo acender a viva chama
Que aquece, ao cozer, o nosso pão
E faz-se ser dentre outras nova dama,
Dentre outras que floreiam um mesmo chão.

E hoje, com três lustros já passados,
Ingente, nossa Algás busca o futuro
E só a competência dos lotados
Contrói em firme mar porto seguro.

Que neste memorar de quinze anos,
Se possa antever firme horizonte,
Que cessem do poder os novos planos
Tendentes a levá-la a outra ponte.

Que os frutos já colhidos sejam vossos,
Daqueles que investiram seus metais,
Daqueles que trabalham com seus ossos:
Que a chama não se apague nunca mais.

Paiva Loures
04/09/2008

Camões de Hermano Saraiva

Agora que os mares são etéreos,
Que a nau de navegar eu tenho à mão,
Eu quero iniciar com dedos céreos
A rota de uma nau cujo timão
E casco não criei de mil estéreos,
Que rápida e veloz não singra em vão,
Mas leva-nos, em ciclos por segundo,
O mar alto a singrar de um novo mundo.

No vídeo a festejar o dez de junho,
Eu vejo um lente ilustre lusitano,
Jurista, reportando no seu cunho,
Vibrando e declarando, puritano,
Estrofe que saiu do luso punho,
Sofrendo de saudade em solo insano,
Ao longe, a refletir na sua alma
A dor que o verso escrito enfim acalma.

O lente reportava um fato antigo,
Um feito relatado em prosa e verso,
De tantos que narrou o luso amigo,
No livro que doou ao universo,
Depois de percorrer chão inimigo
De terras dos que vivem em chão diverso
Da Áfria que aqui vemos de frente,
Da parte que só vê o sol nascente.

A obra, Os Lusíadas, presente,
No foco de apológico sonido,
Com toda apologia referente,
Levou-me a aguçar o meu sentido
Que estava só no ver, da alma ausente,
E fez-me a mim saltar já compelido
A ser um outro ser que por moções
Quisesse versejar como Camões.

Tomei da estante pronto um tomo novo,
Não feito nesta terra, luso feito,
Impresso para ir a todo povo
(Não sei se impresso foi do mesmo jeito),
E lendo, verso a verso, então me movo,
De volta a conferir com meu respeito,
De volta a conferir do lente a voz
Soando a matizar do Tejo a foz.

Não sei se de Setúbal, talvez do Tejo,
A praias que mostrava nuas eram,
Mas via semelhança que não vejo
No mar que de Cabral as naus romperam,
Há séculos pra ter no seu velejo
As terras que intactas lindas eram,
As terras, lindas, férteis, que pisaram
Os lusos que a fé aqui plantaram.

Minh'alma, transportada àquelas praias,
No solo pétreo via que mostrara
Imagem semelhante de outras raias,
Por onde o nobre luso vagueara,
Lutando a desviar-se de outras saias,
Pra ser fiel à sua amada rara,
Deixada tão distante em pátria terra,
Que a muitos na armada sós desterra.

Camões, oh!, mais ilustre lusitano
Das letras, venerado além dos mares,
De lá, daqui, de lá, do oceano
Que corta os continentes postulares,
Em partes de um outrora solo mano,
Banhado não de água mas dos ares,
D'Atlântida imersa sob as ilhas
Que feitas foi então da pátria filhas.

Camões, oh!, mais ilustre na su' arte,
Cantado por quem tanto o enobreceu,
Nos livros que também em toda parte
São lidos porque, luso, o escreveu,
Eu quero nestes versos confessar-te
Que tenho o teu verso como meu.
E louvo a Hermano de Saraiva
Eu, nato brasileiro que é de Paiva.

Loures de Paiva
10.06.2003

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Fé Verdadeira

Existe a fé guardada no convento,
Existe a fé professa na igreja,
Existe a fé que vem do parlamento,
Impondo-se uma fé que se deseja.

Existe a fé que vem do nascimento,
Existe a fé herdada na peleja,
Existe a fé que vem do sofrimento,
Mas uma só é a fé que o ser almeja.

Aquilo que o querer em vão coteja,
Não vem da lei imposta num momento,
Não vem de tanto e humano pensamento.

A fé que está impressa cem por cento,
De Deus herdou o ser, inda que esteja
Em fuga desta fé. E assim seja!

Loures de Paiva
17.09.2009

Ser sábio e Ser Luz

Aquele que espera sempre alcança
A meta desenhada nesta vida.
Aquele que alimenta a esperança
Tem palma como prêmio merecida.

A luz que sempre brilha no horizonte
Difunde o brilho seu a tudo igual.
Aquele que, então, bebe dessa fonte
Exibe sempre a fronte purpural.

Tormenta se lhe vem é firme em rocha,
O pé nunca lhe foge e raramente
Sucumbe de águas turvas na torrente.

Ser sábio é saber levar a tocha
Que luza para si não simplesmente,
Mas seja para outrem reluzente.

Loures de Paiva
19.08.2009

Lágrimas da Natureza

No norte o gelo chora sem demora,
Do mar o nível sobe e a terra alaga,
A água do seu leito evapora
O vento em movimento aumenta a vaga.

A gente litorânea a Deus implora
Levar o vento à ordem e que não traga
A morte mais que vista nessa hora:
Que sopre só a brisa que afaga.

Se esse lacrimar da natureza
Não move deste mundo a realeza,
Que mova a si mesma cada gente

E busque preservar toda semente,
Legando à geração que vem à frente
A Terra como a fez a natureza.

Loures de Paiva
16.08.2009

Nova Terra, Nossa Terra

Da foz do Rio Tejo aberta ao mar
Atlântico que ao sul circunda a ponta
Partiram naus e velas a singrar
O azul que o revoltado vento afronta.

As Índias vão buscar no seu rumar,
Mirando desde onde o sol desponta,
E o vento fez-se calmo e fez parar
Dispersa toda Armada, quase tonta.

Cabral avança a frota em mar incerto,
Na busca de encontrar o rumo certo,
E avista monte alto em firme terra.

- Aqui portemos nós, o solo é perto.
- Deixemos nossas naus no mar deserto.
- Aqui descansareis, findou-se a guerra.

Loures de Paiva
16.08.2009

O Encontro de Amigos

Debaixo do anão verde coqueiro,
Na relva que ladeia uma piscina,
Sentado está Nivaldo, o anteneiro,
Poeta de trovar trova menina.

Ao lado está Loures quase herdeiro
Da trova reluzente, purpurina,
Ouvindo do poeta campineiro
A voz que respeitar tudo ensina.

Já Thomas da Suiça hospitaleiro
Limpava do churrasco o braseiro,
Depois de alimentar todos convivas.

E Nilson, Jotabê perto, e Mollica,
Proseiam um prosar que magnifica
O Encontro de Natal. E a todos Vivas!

Loures de Paiva
10.08.2009

Piau, Nosso Chão Pátrio

Na escarpa da colina foi fundada,
Pra pouso na estrada dos que ouro
Buscavam e levavam na lombada
Ferida, ensanguentada de seu touro.

Fundada foi Piau, hoje elevada
A vila, a cidade, um tesouro
Da estrada que real hoje chamada
Tem Rio de Janeiro nascedouro.

Inscrita no registro da história,
Dos filhos que se foram em memória
Eu canto para sempre sua glória.

Os filhos que descendem dos que foram,
Que ao longo das ruelas inda moram,
Os entes seus queridos rememoram.

Loures de Paiva
15.08.2009

Mandamento Rejeitado

O homem rejeitou o mandamento,
Ao ídolo curvou-se impertinente,
Lançou por terra o sábio fundamento,
Tirou de si inerte o ser temente.

Sua alma agora vaga num lamento
E a fé que sempre foi eternamente
A base a sustentar o sofrimento
Deposta foi de si veladamente.

Sem rumo, não vislumbra esperança,
Divina sem a lei não mais consegue
O prêmio de viver como criança.

Se o Alto conquistar já não persegue,
Mantém-se soterrado ao solo entregue,
Pungido ao tanger da própria lança.

Loures de Paiva
15.08.2009

Janela Para o Mundo

Espaço me foi dado neste espaço,
Que como luz se espalha mundo afora.
Do mestre vou usar o mesmo braço,
Que forja este verso sem demora.

Não sei a quantos vou nisto que faço,
Não sei se vou viver uma outra aurora,
Não sei se de mim mesmo um novo traço
Imponho não bem quisto nesta hora.

Se vale assim pensar, devo seguir
Caminho sem prever o que há-de vir,
Por prêmio ou por pena não prevista.

Se o louro me vier numa conquista,
Virá pelo soprar de quem com vista
Ferida luminou novo porvir.

Loures de Paiva
15.08.2009

Libera-te, Minha Alma

O tempo vai passando, o fim é perto
E a voz do imo meu que clama e grita,
Na ânsia de sair de seu deserto,
Impõe a mão ao verso e o mestre imita.

Os versos que eu gerar serão por certo
Julgados por juiz que nunca evita
Lançar juízo algoz, juízo incerto,
Juízo que afronta a alma aflita.

Se esse é o caminho que persigo,
Ainda que da ponte o outro lado
Sugira um confronto não amigo,

Não temas, ó minha alma, esse fado
Mantém-te a ti no leme só contigo,
E toma só a ti o teu pecado.

Loures de Paiva
17.08.2009

Camões, o Sempre Mestre

O mestre de além-mar, mestre Camões,
De quem herdei a forma de versar,
Renome tem de si entre as nações,
Por ter cantado os feitos de ultramar.

Os feitos dos heróis e dos barões
Que indo desde o Tejo a longe mar
Buscaram conquistar muitos torrões
E a língua neles todos implantar.

A língua então preservo como dantes,
A língua do falar dos seus infantes,
A língua do escrever dos escritores

Que cantam deste século os rumores,
Que prosam ou versejam seus amores.
Que cantam no aquém-mar os seus instantes.

Loures de Paiva
20.08.2009

O Bailar da Natureza

Na estepe, o beija-flor como relampo
Viaja velozmente a beijar
As flores que darão o fruto lampo
As flores que os lares vão ornar.

Abelha vai sugar da flor do campo
O doce que em mel vai transformar,
Na noite o luzir do pirilampo
D´estrelas vai o escuro polvilhar.

As folhas que no inverno vão ao chão,
A terra fazem fértil para o pão
Que nutre toda a corte e realeza.

E a tudo assim resta a certeza,
Na ordem que equilibra a natureza,
De ter para viver o seu quinhão.

Loures de Paiva
21.08.2009

O Bailar da Natureza

Na estepe, o beija-flor como relampo
Viaja velozmente a beijar
As flores que darão o fruto lampo
As flores que os lares vão ornar.

Abelha vai sugar da flor do campo
O doce que em mel vai transformar,
Na noite o luzir do pirilampo
D´estrelas vai o escuro polvilhar.

As folhas que no inverno vão ao chão,
A terra fazem fértil para o pão
Que nutre toda a corte e realeza.

E a tudo assim resta a certeza,
Na ordem que equilibra a natureza,
De ter para viver o seu quinhão.

Loures de Paiva
21.08.2009

Alvorada do Divino

O sol por sobre o monte vem nascendo,
E os sinos a soar um bronze hino
Despertam toda gente neles tendo
Relógio para a Festa do Divino.

A praça que do adro vem descendo,
Se enche de barracas e o menino
Arrasta pai e mãe num choro crendo
Levar pra si o carro pequenino.

Brinquedo só depois, na hora certa.
Voltemos: da ermida a porta aberta
Está a nos chamar, ao som do sino.

No ceú explodem fogos e o padre alerta
A missa vai se dar e então deserta
A praça vai louvar o seu Divino.

Loures de Paiva
22.087.2009

A Certeza do Perdão

Na vida, eu andei por mil estradas,
Do campo emigrei para a cidade,
A luz que me levou não foram fadas,
Mas santos que estão na eternidade.

Mil tombos já sofri porque erradas
Me foram as escolas da verdade
Que muito frequentei como elevadas,
E todas construiram esta herdade.

A mãe que me gerou me fez dos santos
Tutela para livrar dos vis encantos
A alma que me tem o corpo estante,

A alma que lavada nos seus prantos
Espera vir a ter como outros tantos
Tiveram o perdão do Deus amante.

Loures de Paiva
23.08.2009

Foi-se a Mó, Foi-se o Moinho


Em meio a verde mata a fonte brota,
E a pura água, vítrea, transparente,
Ao longo da floresta em feita rota,
Caminha sem parar, sempre corrente.

Desvio é-lhe dado ante a grota
E desce pra mover no seu moente
A pedra que ao girar por água mota
Do milho vai moer sua semente.

E o pó que dela sai fubá se torna,
Pra ser material do que se enforna
O bolo que a fazenda inteira come.

Mas hoje abandonado só adorna
A sede da fazenda que consome
Farinha de outra fonte, de outro nome.

Loures de Paiva
23.08.2009

Alo Mundo!

Este é um espaço eletrônico para disponibilizar os meus escritos em versos.

Eles foram postados, na forma como foram originalmente concebidos, para não se perderem no tempo, como tantos que escrevi se perderam. Perderam em meio a papéis que não foram preservados. Assim, este espaço passa a ser um abrigo, que espero seguro, para meus escritos.

Apesar de dados assim a público, estão sujeitos a revisão de forma a serem eliminadas eventuais não conformidade léxicas, sintáticas, ortográficas que a nossa língua maior nos recomenda.

Estou a registrar o que a minha alma reclama seja colocado em versos, o que acabará por revelar um pouco de minha própria personalidade imperfeita. E, se tiver algum valor literário, também terei atingido um objetivo pessoal.

Obrigado, pela sua compreensão.

Loures de Paiva
Agosto de 2009